[LETRAS] EU, ESTAGIÁRIA (PARTE I)
No semestre passado (2017-2) eu resolvi — e a matriz curricular apontava que já estava mais do que na hora de — começar o Estágio Supervisionado do meu curso de Letras. O CEDERJ, a instituição que promove a logística (grosso modo) dos cursos de graduação a distância das Universidades públicas do estado do Rio de Janeiro, oferece quatro disciplinas obrigatórias para as licenciaturas, sob a supervisão da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense) na maioria dos polos regionais (o meu é o de Itaperuna-RJ). Sendo assim, mesmo eu sendo aluna da UFF (Universidade Federal Fluminense), meus estágios serão regidos e avaliados pela UENF. Parece complicado, não? E é um pouco, pois o sistema é todo altamente burocrático.
Confesso que, no início do semestre, fiquei muito (muito mesmo!) confusa. O ambiente do Estágio Supervisionado I na Plataforma CEDERJ tinha tanto documento, tanta informação e tanta desinformação também… Situação normal de todo início de aprendizagem, mas para quem é aluno, o desespero toma conta! Foi só a partir das tutorias presenciais que foi possível entender um pouco melhor a proposta dessa etapa do estágio e também como visualizar as informações da Plataforma voltadas para o meu curso e Universidade. Embora as atividades sejam basicamente as mesmas, algumas Universidades têm particularidades que outras não têm. E alguns modelos de atividades precisam ter o logotipo ou o nome da universidade que o aluno está cursando.
Bem no comecinho assinamos, junto ao diretor da escola parceira (a que escolhemos fazer o estágio) e também da coordenadora do curso da nossa Universidade, um Termo de compromisso de estágio. Esse termo é um contrato que estabelece quais serão as atividades, carga horárias e outras informações relevantes para o estágio. O termo assinado e algumas outras documentações passam, ainda, pela Secretaria de Estado de Educação, a chamada Regional de Ensino, para que o estágio seja liberado. Afinal, o aluno da Universidade Pública investigará (obrigatoriamente) a rede pública de ensino, para que os conhecimentos gerados por ele possam ajudar a sociedade de uma forma geral. Desenvolver nossos trabalhos nas escolas públicas é uma forma de conhecer e também devolver uma parte dos recursos gastos conosco na graduação.
Com os documentos liberados pela Regional e de posse da carta de apresentação assinada pela diretora do Polo Regional UAB, no meu caso o polo CEDERJ Itaperuna, as atividades podem ser desenvolvidas diretamente na escola, conforme manda a lei.
Escolhi estagiar no Colégio Estadual Rotary, escola em que me formei (2006) e estudei muitos anos. Fiquei ligeiramente emocionada em voltar para o lugar onde fiz tantos amigos e que foi fundamental para o meu desenvolvimento como pessoa. A diretora ainda é a mesma dos meus tempos de aluna e muitos dos meus antigos professores ainda lecionam no colégio. Tirei algumas fotos, que compuseram o meu relatório final e que estão distribuídas ao longo desta postagem, como vocês podem ver. O Rotary é uma escola de bairro, de porte médio e muito aconchegante. Para uma escola estadual, do estado falido mal gerido do Rio de Janeiro, ela é muito bem cuidada e conservada. A escola passou por uma grande restauração na década de oitenta e em 2008 foram feitas outras melhorias, conforme pode ser visto abaixo.
De agosto a novembro, período em que o meu Estágio Supervisionado I foi realizado, muito material foi produzido. Meu Relatório Final de Estágio, em sua versão final final mesmo pelo amor de Jesus, ficou com cinquenta e duas páginas! Há boatos que o meu nem foi o maior de todos os relatórios, e que nos semestres seguintes outros relatórios maiores ou mais complexos virão. Mas a jornada valeu muito a pena e, eu sei, está apenas começando. O Estágio, que a grande maioria — incluindo eu — achava ser apenas uma enrolação burocrática para fazer gastar papel e gasolina, contribui e muito para que o aluno tenha certeza de sua profissão futura. Muitas pessoas dizem que a prática docente não tem nada dessa quantidade de papel absurda dos estágios e eu acredito nisso. Mas, se o processo fosse fácil, qual seria a qualidade dos professores em sala de aula? Se não desenvolvermos a capacidade de investigação e pensamento crítico durante o curso, quando isso será possível? Os alunos, especialmente os da rede pública, merecem o melhor, tendo em vista as limitações sociais que têm. Sem contar que, nós alunos, que temos o privilégio de cursar uma Universidade Federal sem nos deslocarmos diariamente e nem sair das nossas cidades no interior, precisamos sim, provar que somos aptos e capazes assim como nossos colegas da modalidade presencial. A burocracia irrita e eu me estressei bastante nesse semestre, assim como nos anteriores, e como eu sei que vou me estressar até o final. Mas, sem a danada da burocracia, como seria possível? Com ela ainda temos tanta corrupção…
No semestre passado fizemos duas resenhas, destaque para o texto sobre o livro A Alegria de Ensinar, que eu postei aqui no blog, pois foi uma leitura muito prazerosa. Também fizemos um clipping educacional, como uma espécie de termômetro das notícias atuais sobre a educação no Brasil; uma entrevista com um professor que esteja atuando no momento, que eu fiz via internet com a professora Julia Cecilia Neri de Assis (obrigada de novo!) e algumas atividades de observação do ambiente escolar e sobre os profissionais da escola, com o intuito de nos mostrar um panorama do que é uma organização educacional, tendo agora o olhar de futuros professores. Todas as atividades foram carimbadas, assinadas, rubricadas etc. até formarem as tais cinquenta e duas (!) páginas do Relatório Final de Estágio. Ao longo do semestre postamos essas atividades de forma individual na Plataforma, para a verificação da tutora a distância e da coordenadora de estágio.
Eu pensei que ao final do semestre eu só teria do que reclamar, mas é muito gratificante perceber que agora tenho um outro olhar sobre o Estágio Supervisionado. O processo não é perfeito, talvez ainda esteja um pouco longe do ideal. Mas é o melhor possível e nos proporciona uma bagagem incrível. No mais, deu tudo certo, fui aprovada com uma ótima nota e já estou preparada para a parte dois, que a propósito, começa já no final deste mês. Até lá!
Boa Sorte no seu estágio, vai ser uma ótima professora, tenho certeza.
Abraços,
Dandara
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Muito interessante. Gostei da sua sinceridade. Também penso muito em cursar Letras ainda e o seu relato super me animou. Sucesso e bons estudos!
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Olá Tamires,
Também sou aluna do Cederj (Paracambi) e achei muito bacana o seu relato. Obrigada por compartilhar conosco essa experiencia.
Adorei o blog.
Abraços e boa sorte nessa caminhada.
Lídia.
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