[RESENHA] ALINA, DE EMILIA LIMA

Sinopse: “Amor e paixão no Brasil colonial!
Ambientada na Bahia século XVI, com passagens em Lisboa, Alina conta a história da família Cirilo, que veio de Portugal com o intuito de ajudar na colonização do Brasil. Alina Cirilo amou o jovem advogado Pedro Garcia desde a primeira vez que o viu – um grande amor, porém, proibido. Apaixonada por Pedro, com quem havia se deitado, ela é enviada pelo pai para longe, mas já levava a semente dele dentro de si. Sem escolha, longe de casa, vivendo em meio aos índios, ela conhece Naru, um mestiço com modos de fidalgo. Sozinha, carente, ela deixa-se conquistar pelo jovem belo e doce mestiço, embora nunca tenha esquecido Pedro. Amor, laços familiares, renúncias, traições e reencontros surpreendentes.”
 

 

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O mercado literário tem oferecido muitos títulos de romances históricos e de época para nós leitores, entretanto, a ambientação das histórias acaba sendo muito parecida entre eles: massivamente em terras (e contexto social) inglesas. Isso não é ruim, muito pelo contrário, mas há algum tempo tinha a vontade de ler uma história mais próxima de mim. Então soube que a Pedrazul ia relançar Alina, da escritora baiana Emilia Lima, muito elogiado em grupos de literatura internet afora. Como tratava-se de uma nova edição totalmente revista e ilustrada, esperei para ter esse livro em mãos e iniciar a leitura. Foi incrível!

Alina é o primeiro volume da série Família Cirilo, e é um romance muito lindo, cheio de verdades sobre a vida e os sentimentos humanos. A protagonista, longe de ser uma mocinha típica dos livros de época, é uma pessoa real, quase tangível. Tive a sensação que ela poderia ser eu ou qualquer outra mulher, seja da época da colonização do Brasil ou de agora. Sinceramente falando, este foi o primeiro livro em que a personagem principal fica dividida, se é que posso colocar desta forma, entre dois homens e eu não sinto vontade de largar a leitura. Apesar de bem jovem, Alina tem uma maturidade muito grande e é uma mulher honesta, o que torna todo o seu drama bastante plausível.

 

“Mesmo que se passassem muitos anos, ela ainda cultivaria o hábito de gastar horas sentada em frente à janela, olhando para aquele horizonte azul e verde. Era o que conseguia aplacar sua alma inquieta. Religiosa, tinha uma fé inabalável e ia à igreja frequentemente com a família. Todavia, era em frente ao mar que realmente sentia a presença de Deus.” (p. 18)

 

Alina era ainda uma jovem de 12 anos quando se apaixonou por Pedro Henrique Garcia, também imigrante português, advogado e amigo de seu irmão. Ele era um homem feito quando se conheceram, tinha 24 anos e era casado. Ela tinha consciência do erro de amar um homem que não podia ser seu, mas ainda assim o amava. Era um sentimento tão grande que não podia ser contido. Passaram anos assim, se amando platonicamente, pois o sentimento era recíproco, embora não tivessem certeza disso. Aos 16 anos, Alina ajudava o irmão em seu escritório de advocacia, onde também trabalhava Pedro Henrique, lutando em prol dos escravos e contra as injustiças que ocorriam no Brasil Colônia.

 

“Ali na praia, ouvindo as ondas baterem nas pedras, Alina ficou não se sabe por quanto tempo. Gostava da solidão e do silêncio que a ausência de vozes proporcionava. Na fazenda, as pessoas tinham seus falatórios e suas demandas, principalmente a mãe, que não entendia por que ela gostava tanto de ficar sozinha e, em vão, tentava inseri-la na vida familiar. Quando o barulho começava a incomodar a jovem, era o momento de fugir para o seu mundo irreal, onde ela e Pedro se casavam, tinham filhos e uma vida cheia de felicidade. Mas, como as ondas vêm e vão, aquele sonho também não podia ser segurado. E, como o vento, ele alçava voo e ela voltava a ser Alina, a moça que ousou amar um homem casado que jamais poderia ser seu.” (p. 27)

 

Ilustração do livro “Alina”, por Mara Sop.

 

“Fosses tu minha… eu jamais te deixaria ir!” (p. 33)

 

A revelação de que havia reciprocidade no amor entre Alina e Pedro Henrique encheu o coração dos dois de inquietação. A certeza de que eram um do outro em sentimento, mas que não podiam ficar juntos era terrível. Alina decide ir embora de São Salvador, mas não consegue fazê-lo sem se despedir de Pedro Henrique. Os dois se entregam a paixão e, algum tempo depois, a jovem descobre estar grávida de seu amor.

 

“Quero-te como meu primeiro e último homem. Quero entregar meu corpo a ti. Quero que me faças tua mulher porque jamais serei de outro homem por toda a minha vida.” (p. 48)

 

Pedro Henrique fica transtornado com a partida de Alina, mas sem saber de seu paradeiro, acaba voltando para Portugal com a esposa e os filhos, mantendo em seu peito a esperança de um dia reencontrar o seu amor. Alina fora para a fazenda da irmã Clara, na Capitania de São Jorge dos Ilhéus, evitando um escândalo em sua família. Lá aceita a ajuda de uma velha índia, Ana, e vai para uma aldeia, onde poderá ter seus filhos em paz. Sim, ela estava grávida de gêmeos!

Apenas o pai de Alina sabia o que estava acontecendo. A amizade entre os dois é uma das coisas mais bonitas dessa história. Ele entende os sentimentos da filha e aceita que ela decida o seu destino, diferente do que se poderia imaginar de um pai de família dessa época.

 

“Creio, papai, que Clara desconfiava de minha gravidez, mas eu não lhe contei. E por favor papai, se Pedro procurar o senhor, não lhe conte nada. Depois pensarei em uma solução melhor. Por ora ficarei aqui na aldeia, onde terei o meu filho. Eu estou bem, papai; e muito bem cuidada pela índia de quem falei ao senhor, a mesma que tratou Francisco em sua desventura…” (p. 70)

 

Na aldeia, Alina conhece Naru, um mestiço filho de um português com uma índia daquele lugar. Ele foi educado como um cavalheiro, mas suas raízes estavam na cultura indígena. Os dois logo ficam muito amigos, Naru dá todo o suporte durante a gravidez de Alina, sendo praticamente um marido para ela. Um tempo depois do parto, ele declara seu amor pela jovem, que também corresponde esse sentimento, embora não ame o rapaz com a mesma intensidade que a Pedro Henrique. Ela é honesta com Naru, contanto toda a sua história e eles decidem mesmo assim ficarem juntos, como marido e mulher.

 

Ilustração do livro “Alina”, por Mara Sop.

 

“O hálito dele era doce, com cheiro de frutas silvestres, e Alina desejou ser beijada. Desejou muito. E ele a beijou. Em seguida levou-a para uma saliência na mata e fê-la dele. Depois, deitados, ambos nus e saciados, ele a abraçou  e a trouxe para próximo de seu corpo:

‘Tu és linda! E és minha’ – disse, beijando-a longamente” (p. 96)

 

Alina seguiu em frente. Pedro era um homem casado e ela precisava dar uma família aos seus filhos. Naru era um homem maravilhoso e, embora ela não o amasse da mesma forma que amava a Pedro, tinha certeza que viveria bem com ele. Decidiu, então, voltar para sua casa em São Salvador e informou a família sobre seu casamento com o mestiço.

 

O envolvimento entre Alina e Naru foi tão natural, que por algumas páginas quase nos esquecemos de Pedro Henrique. Mas essa história ainda guarda muitas reviravoltas nas vidas de nossos protagonistas, incluindo um envolvimento entre Pedro e uma pessoa bastante próxima de Alina, além de muitos segredos e a vontade de ler os outros volumes da série o quanto antes! Alina é uma história riquíssima, ambientada no Brasil Colônia, que inclusive foi adotada em diversas escolas como livro paradidático. Esta edição da Pedrazul Editora foi lindamente ilustrada pela Mara Sop e vale muito a pena ler e ter na estante.

 

“Alina” e os marcadores com a capa do livro e de algumas das ilustrações coloridas de Mara Sop.

 

SOBRE A AUTORA: A baiana Emilia Lima é formada em Economia, mas é uma apaixonada pelas letras, principalmente pelos romances clássicos ingleses, cuja autora preferida é Jane Austen. Também é fã de Isabel Allende e de Gabriel Garcia Marquez. Apaixonada por cinema, Emilia adora conhecer os lugares onde seus livros são ambientados. Dona de uma extensa biblioteca, ela tem na leitura e na escrita um dos seus maiores prazeres. Sua paixão pelos livros vem desde criança, incentivada pelos avós maternos, Marlotinho e Zelinha, que sempre lhe davam livros de presente. Além de Alina, é autora de Ágata e de Dandara, que fazem parte da série Família Cirilo. Emilia mora na Bahia e tem dois filhos.

 

Saiba mais sobre Emilia Lima na entrevista concedida ao blog da Pedrazul Editora.

 

 

 

Título: Alina (Série Família Cirilo, Vol. 1)
Autora: Emilia Lima
Editora: Pedrazul
Páginas: 188

 

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