[RESENHA] JANE EYRE, ADAPTAÇÃO DA BBC (2006)

 

Jane Eyre é uma adaptação do romance homônimo de Charotte Brontë, em série de quatro episódios, produzida pela BBC no ano de 2006. Foi considerada um sucesso na época de sua estreia, tendo sido indicada a vários prêmios, ganhando três Emmys e um BAFTA.

Aqui temos uma heroína de espírito livre, que desde a infância não se deixa abater pelas maldades de sua tia Reed e de seus primos. Passamos rapidamente pela infância de Jane Eyre, mas todos os pontos mais importantes foram mostrados: o quarto vermelho e sua tortura psicológica, o retrato de família o qual ela não pôde participar e a sua passagem pela escola Lowood.

 

A pequena Jane Eyre no internato Lowood.

 

Ao mesmo tempo que clamava por liberdade, Jane Eyre ansiava por amar e ser amada, reciprocidade que ela teve poucas vezes em sua vida. Ir para Thornfield Hall, trabalhar como preceptora de Adele, traz para a vida da jovem um pouco de tudo aquilo que ela sempre sonhou: paz, um lar seguro e ser tratada como igual pelas outras pessoas.

O casal Jane e Rochester desta adaptação, interpretados por Ruth Wilson e Toby Stephens, foram os melhores que já vi até agora! Ambos possuem elementos que os tornam fieis ao casal do livro, portanto são verossímeis e apaixonantes. A sintonia entre os atores é tão boa que percebemos a faísca entre os personagens desde a primeira vez que Rochester chama Jane de bruxa, por ela ter enfeitiçado seu cavalo e tê-lo feito cair dele. Particularmente, adoro o Rochester desgrenhado de Toby Stephens, pois é como sempre imaginei o personagem. Além disso, o jeito grosseirão deste Rochester deu toques de comicidade ao personagem, o que achei bastante positivo, em contraponto a doçura e a inteligência de Miss Eyre.

 

 

Jane Eyre e Mr. Rochester são um dos meus casais favoritos da ficção. Não só por serem como iguais, como eles mesmos dizem em alguns momentos, mas também pela amizade que existe entre eles. Rochester confia a Jane quase todos os seus segredos e anseios mais profundos, sem reservas, e Jane, em contrapartida, é uma ótima ouvinte, pois não faz julgamentos, embora sempre exponha sua sincera opinião.

 

 

A aparição de Blanche Ingram, nobre e bela pretendente ao coração de Rochester, embora cruel com a apaixonada Jane Eyre, foi muito bem trabalhada e positiva para o casal nesta adaptação. A realidade é que Rochester tinha tanta necessidade de amar e ser amado quanto Miss Eyre, portanto não poupou esforços para deixar a jovem enciumada e assim ter provas de seu amor. O melhor de tudo é que ela terá a sua oportunidade mais tarde, rapidamente, contanto histórias do tempo que passou com St. John e suas irmãs, após a cerimônia frustrada de casamento entre ela e Mr. Rochester. Com todos os segredos revelados, nossa heroína deixa Thornfield Hall, mas apenas para descobrir que a ligação entre ela e o seu amado é forte demais para ser desfeita.

 

A “bela” Blanche Ingram.

 

Algum tempo depois de deixar Rochester, Jane retorna e o casal reafirma os seus sentimentos em uma das cenas mais belas das adaptações literárias; uma nova declaração para reafirmar tão grande amor:

“– Na noite em que fui embora… Na noite em que fui embora você falou de uma Villa que tinha no Mediterrâneo, onde poderíamos nos refugiar e viver como irmão e irmã.

– Eu me lembro.

(…)

– Jane, você ainda está aí? – pergunta Rochester sem poder enxergá-la.

– Estou, Senhor.

– Jane, esta Villa de que eu falei, com quartos separados e isso de beijos na bochecha nos nossos aniversários…

– Sim.

– Esse plano não me atrai como antes.

– Não quer que sejamos amigos? – pergunta Jane, temerosa de que o afeto de Mr. Rochester por ela tenha mudado.

– Jane, poderia fazer a gentileza de vir sentar-se ao meu lado? Jane… eu quero uma esposa. Eu quero uma esposa. Não uma enfermeira que cuide de mim. Eu quero uma esposa para compartilhar minha cama toda noite. Ou todo o dia, enfim… Se eu não puder ter isso, prefiro morrer. Jane, nós não somos do tipo platônico…

– Você pode me ver? – pergunta Jane, bem próxima a Rochester, que confirma.

– Então escute isso, Edward: sua vida não é sua para escolher se render, ela é minha. Ela é toda minha e eu o proíbo.” (Jane Eyre, BBC 2006)

 

 

O mais especial nesta adaptação é que a história prossegue um pouco mais além do reencontro do casal. Mesmo sabendo que nos filmes o tempo é mais curto, muitos diretores parecem ter predileção por finais abertos (vide Orgulho e Preconceito, 2005), mas considero um prejuízo quando diálogos importantes como o visto acima são cortados. Aqui, em quatro capítulos, toda a essência do maravilhoso romance de Charlotte Brontë consegue ser transmitida. Mais uma grande adaptação da BBC!

 

 

Elenco: Ruth Wilson (Jane Eyre); Toby Stephens (Edward Fairfax Rochester); Lorraine Ashbourne (Mrs. Fairfax); Tara Fitzgerald (Mrs. Reed); Andrew Buchan (St. John Rivers); Daniel Pirrie (Richard Mason); Christina Cole (Blanche Ingram); Claudia Coulter (Bertha); Georgie Henley (Jane Eyre, quando criança), dentre outros.

 

 

REFERÊNCIA:

https://en.wikipedia.org/wiki/Jane_Eyre_(2006_miniseries)

 

Resenha em colaboração com o blog Escritoras Inglesas.

 

Veja também:

Jane Eyre, filme de Robert Stevenson (1943).

 

 

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Dandara Machado
Dandara Machado
2 de maio de 2017 10:51

A melhor adaptação de Jane Eyre, sem dúvida. O ator que interpretou Mr. Rochester é incrível!
Abraços,
Dandara

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