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Sinopse: “A epidemia do novo coronavírus candidata-se a ser a emergência de saúde mais importante de nossa época. Ela nos revela a complexidade do mundo em que habitamos, de suas lógicas sociais, políticas, econômicas, interpessoais e psíquicas. O que estamos atravessando requer um esforço de imaginação que, em um regime normal, não estamos acostumados a realizar. No contágio, somos um único organismo, uma comunidade que abarca a totalidade dos seres humanos. No contágio, a falta de solidariedade é antes de tudo um defeito de imaginação. «Não tenho medo de ficar doente. De que, então? De tudo aquilo que o contágio pode mudar. De descobrir que o alicerce da civilização que conheço é um castelo de cartas. Tenho medo da anulação, mas também de seu oposto: que o medo passe sem deixar para trás uma mudança.»”
Um dos problemas de estar vivendo (e tentando entender) um acontecimento histórico da magnitude de uma pandemia é que, a depender do ponto em que estamos fazendo o nosso relato, ele pode se tornar completamente obsoleto em questão de dias.
O livro “No Contágio”, de Paolo Giordano, embora escrito a partir do dia 29 de fevereiro deste ano, é um bom exemplo do exato oposto: embora traga número que, infelizmente, já foram em muito superados (em alguns países, multiplicado), forma um conjunto de textos fundamentais não só para entendermos esse nosso momento de pandemia, mas como situações como esta poderão ser cada vez mais recorrentes no futuro. Principalmente se permanecermos agindo como sempre agimos.
O próprio autor, inclusive, alerta logo no início para esse caráter “obsoleto” que os textos possam ter dependendo de quando o leitor tenha contato com eles: “quando vocês lerem essas páginas a situação terá mudado. Os números serão diferentes, a epidemia terá se espalhado ainda mais (…)”. Mesmo assim, Giordano decidiu usar seu tempo de reclusão, de quarentena, escrevendo; “para controlar os presságios e para encontrar uma maneira melhor de pensar em tudo isso”. Que bom que o fez!
Giordano, que é PHD em física, nos mostra e explica com muita clareza a matemática da pandemia, de uma forma que qualquer pessoa consegue entender. Nunca pensei que diria isso, mas, lá vai: é muito mais fácil entender a Sars-CoV-2 nos termos matemáticos usados na prosa fácil do autor. É mais simples entender, inclusive, a necessidade de cumprirmos corretamente o isolamento/distanciamento social, por exemplo.
“No Contágio” é uma leitura muito enriquecedora, um dos melhores livros de ensaio sobre a pandemia (suas causas, nosso comportamento perante toda essa situação, enfim…) que eu li nos últimos tempos. No Brasil, foi publicado pela editora @editora.ayine, que tem um catálogo maravilhoso e bem acessível (principalmente os e-books!).
“No Salmo 90, há uma invocação que me vem frequentemente à mente nessas horas: ‘Ensina-me a contar nossos dias e alcançaremos um coração sábio.’ (…) Contar os dias. Alcançar um coração sábio. Não permitir que todo esse sofrimento passe em vão”.
Título: No contágio
Autor: Paolo Giordano
Tradução: Davi Pessoa
Editora: Ayine
Páginas: 80
Compre na Amazon: No contágio