[RESENHA] A ALEGRIA DE ENSINAR, DE RUBEM ALVES

 

A Alegria de Ensinar é um livro de crônicas do escritor Rubem Alves, publicado pela editora Papirus, voltado para a temática do ensino, aprendizagem e vida escolar. Neste livro aprendemos, de forma encantadora, o real papel de um educador.

Ensinar, na visão de Rubem Alves, torna os professores imortais. O educador é aquele que desperta a paixão e a vocação quando ela ainda está adormecida na mente dos alunos. Infelizmente, ele também tem o poder de matar os sonhos de seu educando, quando ao invés de guiá-lo no caminho da educação, resolve por si só o que é ou não adequado para o aluno, tendo em vista os pré-conceitos enraizados em nossa sociedade. Sendo assim, o professor, de uma forma ou de outra, viverá eternamente nos pensamentos daqueles a quem ensinou.

“O mestre nasce da exuberância da felicidade.”, diz a primeira crônica. O autor já começa pedindo, ainda que indiretamente, que esqueçamos as mazelas, as tristezas do ofício, que muitas vezes são mais evidenciadas que as alegrias. Ele compara a dor de ensinar à dor do parto: a mãe logo se esquece dela ao ver o lindo rosto de seu filho.

Educar, portanto, deve ser um exercício de alegria. Como aluna e aspirante a professora, entendo essa fala do autor como um clamor para que não nos deixemos contaminar pela burocracia, pela falta de reconhecimento do estado e da sociedade e por outras dificuldades diversas. Que consigamos não envenenar nossas aulas com o que há de ruim e que não permitamos que os muros da escola barrem a sede de conhecimento dos alunos e a nossa própria sede de ensinar.

E, falando sobre a escola, Rubem Alves fala dela como um obstáculo no processo de ensino-aprendizagem. Infelizmente, todos nós que a frequentamos por anos e anos a fio sabemos que essa é uma grande verdade. A escola às vezes aprisiona. Pior que isso: despeja inúmeros conteúdos nos cérebros dos alunos sem que eles consigam descobrir, em tempo hábil, para que serve tudo aquilo. Já ouviram por aí que os jovens aprendem bhaskara, mas não sabem noções básicas de trânsito ou vida em sociedade? Não sabem elaborar um currículo ou marcar e ir sozinhos a uma consulta médica? Pior ainda: não sabem ler e interpretar uma notícia de jornal? É verdade. A escola prepara para o vestibular, e muitas vezes apenas para o vestibular. É uma decoreba que será esquecida tão logo o aluno consiga (ou não) sua aprovação.

Desejo profundamente não esquecer as palavras de Rubem Alves, pois, olhando para trás, vejo que vários dos professores que tive não tinham alegria em ensinar ou em estar em sala de aula. Ainda quando aluna do ensino fundamental e médio eu percebia a diferença: alguns professores nos faziam crer que podíamos ir ao infinito e além, bastava um pouco de coragem e trabalhar duro em nosso propósito. Outros, simplesmente passavam o conteúdo previsto na matriz curricular e não permitiam questionamentos que fugissem da matéria do vestibular.

Finalizada a leitura, sonho com o dia em que as nossas crianças não sejam mais simples repetidoras de conteúdo, pois a educação não pode ser resumida em fazer o aluno passar em uma prova. É da vida e da sociedade que estamos falando. E que os professores tenham condições de sempre serem felizes, tendo alegria em ensinar.

 

 

Obs.: esta resenha foi parte de uma avaliação do curso de Letras (UFF/Cederj), disciplina Estágio Supervisionado I. A proposta era ler apenas metade do livro e fazer um comentário, mas não resisti: li as todas as crônicas do livro, algumas mais de uma vez!

 

 Título: A Alegria de Ensinar
Autor: Rubem Alves
Editora: Papirus
Páginas: 96

 

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[…] semestre passado fizemos duas resenhas, destaque para o texto sobre o livro A Alegria de Ensinar, que eu postei aqui no blog, pois foi uma leitura muito prazerosa. Também fizemos um clipping […]

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