[RESENHA] CONTANDO ESTRELAS, DE THATI MACHADO

Sinopse: “Leo e Davi deram início a uma linda história de amor, todavia ainda não encontraram seu final feliz. Enquanto Leo quer gritar para o mundo o que sente pelo amado, Davi não se sente pronto para assumir seus sentimentos e teme que a família o rejeite. Esperando que vivenciar uma pequena aventura faça Davi mudar de ideia e perceber o que realmente importa, Leo o leva para acampar junto com seus melhores amigos. O acampamento, contudo, trará surpresas e reviravoltas. Será o medo capaz de afastar dois corações que batem um uníssono?” 

 

Contando Estrelas é um spin-off do livro Com Outros Olhos. Neste mais novo lançamento da autora Thati Machado, a narrativa recai sobre Leo e seu namorado, Davi.

Lidas as primeiras páginas em que, em um relato singelo e emocionante, Leo recorda-se do dia em que revelou à família que era homossexual, percebi que nunca havia lido um livro em que o protagonista era gay ou que o casal que era o foco romântico era formado por dois homens. Fiquei incomodada, mas por perceber que tenho feito poucas leituras fora da minha zona de conforto. Mais do que isso, sensibilizei-me com o nervosismo do personagem ao assumir aquilo que era. Eu jamais saberei como é estar nesta situação.

 

“– Leo, nós o amamos, querido… – minha mãe diz, em um tom gentil e sentimental. Desde que Lana voltou do hospital, ela tem estado à flor da pele e espero não ter escolhido um péssimo momento para dizer o que sinto; quem eu sou.

– Eu sou… – sinto um bolo se formar na minha garganta. A palavra é bem simples: tem apenas três letras e está na ponta da língua. Mas por algum motivo desconhecido ela fica presa, entalada, acorrentada… – Sou… – tento de novo e sinto que estou prestes a chorar de frustração.”

 

Leo é uma pessoa mega sortuda. Digo isso, pois ele é um cara gay em uma família que o aceita sem impor quaisquer condições; sem diferenças em relação à Lana ao namorado dela, Arthur, por exemplo. É um absurdo que eu tenha pensado isso de cara, pois é o tipo de situação que devia ser regra, mas a realidade, no geral, tende a ser bastante diferente.

O conflito aqui é a relação entre Leo e Davi. Davi é o gay que ainda está no armário. Eles namoram escondido, como dois jovenzinhos recém-chegados à adolescência, pois Davi ainda não deu o passo mais importante de sua vida: contar aos pais sobre sua orientação sexual. Como Leo é mais despachado, não precisa e não quer mais se esconder, a situação começa a incomodá-lo. Seu maior desejo é poder namorar Davi como qualquer outro casal namora, sem restrições, sem medo.

 

“É terrível precisar ficar medindo meus gestos e minhas demonstrações de afeto quando não estamos entre quatro paredes. E isso tem nos afastado… Essa viagem é uma tentativa de fazê-lo perceber que somos um casal como qualquer outro e que precisamos viver como tal. Não dá pra ficar fingindo ser um colega da faculdade para sempre.”

 

Nesta parte eu, do alto da minha heterossexualidade, fiquei sem palavras. Por mais que tenhamos uma vaga noção do que é sofrer com o preconceito, haja vista a grande quantidade de notícias veiculadas diariamente falando de crimes contra homossexuais, o conflito entre Leo e Davi é o elefante branco que um hétero nunca vai ter no meio da sala. Você menina, gosta de um rapaz, e ele gosta de você, não há muito que fazer. Podem anunciar aos quatro ventos e ninguém liga. Não é problema, constrangimento, nem dor de cabeça para ninguém. Já para um homossexual, as coisas são, infelizmente, mais complicadas.

 

“Não parece extremamente injusto termos que esconder um sentimento tão lindo quanto o amor pelo fato de que algumas pessoas simplesmente não conseguem aceitá-lo? Por que é mais fácil aceitar o ódio, a falta de empatia? O que há de errado em duas pessoas que se amam expressarem o que sentem uma pela outra?”

 

Com o intuito de fazer Davi relaxar e ter uma experiência de namoro normal, Leo o convida para acampar com um casal de amigos. Entretanto, o que parecia ser uma viagem romântica e tranquila acaba tomando contornos dramáticos quando uma pessoa do passado de Davi o vê junto a Leo em uma cachoeira.

Questões familiares e também religiosas permeiam essa narrativa e foi uma leitura muito boa. Percebi, embora nunca tenha dito o contrário, que em uma história de amor pouco importa o sexo dos personagens. O primordial é que entre eles haja um sentimento verdadeiro. E que eles possam sempre contar estrelas.

 

“É coisa da minha cabeça ou você está dando em cima de mim? – ele pergunta e sua voz não passa de um sussurro. Seu tom está despido de desprezo, o que conto como um ponto positivo. Não sei o motivo da pergunta, mas resolvo arriscar.

– Depende. Está funcionando? – pergunto divertido e seus olhos piscam, vacilantes.”

 

 

 

Título: Contando Estrelas – Spin-off de Com Outros Olhos
Autora: Thati Machado
Editora: Publicação Independente / Amazon
Páginas: 93

 

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Saiba mais sobre a autora visitando o blog Nem Te Conto.

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[…] abril eu li, por meio de parceria, dois livros da autora Thati Machado: Com Outros Olhos e Contando Estrelas. Foram leituras ótimas, que me fizeram sair da minha zona de conforto e despertaram em mim aquele […]

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[…] falando APENAS do aspecto romântico) e colocar num potinho de tão apaixonante (sugiro fortemente esse aqui da Thati Machado, […]

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