[RESENHA] A JOVEM RAINHA VITÓRIA, FILME 2009

“1819. Uma criança nasceu em um palácio de Londres. Disputada por dois tios reais – o Rei da Inglaterra e o Rei dos Belgas – está destinada a ser Rainha e a governar um grande império. A menos que seja forçada a renunciar a seus poderes e assinar uma ‘Ordem de Regência’. Um regente é nomeado para governar no lugar de um monarca quando esse se ausenta, adoece ou quando é muito jovem.”

 

Assim começa o filme que retrata a história de uma das Rainhas mais icônicas do Reino Unido, Alexandrina Vitória Regina, a Rainha Vitória, coroada em 28 de junho de 1838, aos 18 anos. A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, no original), é uma produção britânica de 2009, dirigida por Jean-Marc Vallée e ganhadora do Oscar de melhor figurino, além de ter sido indicada em outras duas categorias.

Ser herdeira do império britânico não é pouca coisa. Imagine, então, ter essa responsabilidade sem estar devidamente preparada para o seu destino? A Jovem Rainha Vitória retrata como foi a infância e a adolescência de Vitória (Emily Blunt), criada como uma boneca de porcelana por sua mãe, a Duquesa de Kent (Miranda Richardson) e pelo conselheiro Sir John Conroy (Mark Strong). O maior desejo de ambos, sobretudo de Sir John, era que Vitória assinasse uma Ordem de Regência, para que eles pudessem governar a Inglaterra enquanto a futura Rainha fosse muito jovem. Vitória obviamente resiste e passa a sua adolescência desejando ser livre, para assim cumprir com o seu destino.

 

“Algumas pessoas nascem com mais sorte que outras. Esse é o meu caso. Mas, quando criança, fui convencida do contrário. Que garotinha não sonha em crescer como uma princesa? Mas alguns palácios não são do modo que pensamos. Até mesmo um palácio pode ser uma prisão. Mamãe nunca explicou porque alguém provava a minha comida. Por que eu não podia ir para a escola com outras crianças ou ler livros populares. Quando meu pai morreu, mamãe e seu conselheiro, Sir John Conroy, criaram regras. Ele disse que eram para minha proteção. E as chamou de ‘Sistema Kensington’. Não podia dormir num quarto sem mamãe, nem descer as escadas sem segurar a mão de um adulto. Descobri as razões para isso tudo quando tinha 11 anos. Meu tio Willian era o Rei da Inglaterra, mas ele e os seus três irmãos só podiam ostentar uma criança. Essa criança era eu. O sonho de Sir John era que, caso o Rei morresse, houvesse uma regência. Minha mãe assim governaria a Inglaterra e ele governaria através dela. Então comecei a sonhar com o dia em que a minha vida mudaria e eu pudesse ser livre. E rezava com todas as forças para esse meu destino.”

 

Longe de ser um filme educativo sobre o início da Era Vitoriana, A Jovem Rainha Vitória está mais para um conto de fadas com personagens reais da monarquia britânica. Nele acompanhamos a dificuldade que Vitória teve ao exercer um cargo tão importante sendo extremamente inexperiente e tendo muitos manipuladores a sua volta. Seu romance com Príncipe Albert (Rupert Friend), foi retratado com uma delicadeza ímpar: embora estivessem destinados a ficarem juntos, o roteiro de Julian Fellowes (Downton Abbey) foi estruturado para que ficasse claro que houve sentimento entre os dois. O mais importante, levando em consideração os fatos históricos, foi ver que ela pôde, ainda que com as cartas marcadas, escolher o seu marido e quando se casar. Foi uma decisão política, mas que tinha afeto. Talvez por isso a parceria entre os dois tenha dado tão certo e refletido em seu império.

O filme é basicamente romântico, mas é interessante ressaltar que até pouco tempo a Rainha Vitória era a monarca há mais tempo no trono inglês (63 anos e 7 meses), tendo sido ultrapassada por sua tataraneta, a Rainha Elisabeth II, no ano passado. Sua importância, contudo, vai muito além do tempo de seu reinado: a Era Vitoriana foi marcada pelo ápice da política industrial colonialista inglesa, além da abolição da escravidão no império britânico (1838), redução da jornada de trabalho dos trabalhadores da indústria têxtil (1847) e o direito de voto aos trabalhadores (1884). Tendo grande influência no reinado da esposa, Príncipe Albert foi um grande incentivador da ciência e da arte, além de contribuir para o crescimento e o fortalecimento do exército britânico.

A Jovem Rainha Vitória é uma ótima pedida para um fim de tarde, tomando um chazinho, bem a moda britânica mesmo. Um filme delicado e com grande elenco. Recomendo!

 

 

Referências:

Vitória do Reino Unido

Brasil Escola: Rainha Vitória

The Young Victoria

Elizabeth II completa 63 anos de reinado e está perto de recorde.

 

 

Resenha em colaboração com o blog Escritoras Inglesas.

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