[RESENHA] O CHALÉ DE MOORLAND E LIZZIE LEIGH, DE ELIZABETH GASKELL

Sinopse: “Ambientando nas charnecas inglesas, O Chalé de Moorland é a história dos pobres irmãos, Maggie e Edward Browne, completamente diferentes entre si, e de Frank Buxton, um rico herdeiro de Combehurst. A gentil Maggie é devotada a Edward e o trata com todo amor, mas ele é arrogante e egoísta. Um romance comovente e encantador que vai emocionar o leitor.
Lizzie Leigh narra o drama de Lizzie, uma jovem ‘perdida’ em Manchester, Inglaterra, e o amor de Will pela dócil Susan Palmer. Numa tradução de Andrea Carvalho, duas adoráveis histórias com as marcantes  características de uma das maiores contadoras de histórias da era vitoriana, Elizabeth Gaskell”

 

A Pedrazul Editora publicou O Chalé de Moorland em uma edição lindíssima que também traz o conto Lizzie Leigh. As histórias foram publicadas originalmente em 1850 e 1855, respectivamente, e são de autoria de Elizabeth Gaskell.

O Chalé de Moorland conta a história dos irmãos Maggie e Eduard Browne, que vivem com a mãe, viúva do pároco auxiliar de Combehust. Maggie é negligenciada pela mãe em favor de seu irmão, que desde muito jovem demonstra ser de caráter duvidoso.

O falecido Sr. Browne foi amigo de longa data do Sr. Buxton. Pela amizade e memória do velho amigo, ele oferece a Eduard a possibilidade de se instruir em uma escola. A partir daí as famílias ficam ainda mais próximas e os Browne passam a ser visita habitual na residência dos Buxton.

O Sr. Buxton tem um filho, Frank, e cuida de sua sobrinha Ermínia, que são mais ou menos da mesma idade de Eduard e Maggie. Eduard não consegue estabelecer laços de amizade com Frank ou Ermínia, muito por conta de seu caráter egocêntrico, mas também por estar sempre destratando a irmã. Já Maggie, com sua doçura, torna-se grande amiga de Ermínia e conquista a simpatia de Frank.

 

“Frank e Eduard pareciam ter certa antipatia um pelo outro, e a frieza entre eles mais crescia do que diminuía com os esforços do Sr. Buxton para aproximá-los. ‘Frank, meu rapaz’, disse ele. ‘Não seja tão duro com Ned. Seu pai era um amigo querido, e meu coração está determinado a vê-los amigos. Você terá o poder de ajudá-lo no mundo.’ Mas Frank respondeu: ‘Ele não é muito honrado, senhor. Não posso suportar um menino que não é honrado.’” (p. 41)

 

Maggie também conquista a afeição da Sra. Buxton, que vive reclusa por motivo de doença. A menina transforma-se em uma agradável companhia e distração para ela.

 

“Verões e invernos começaram e terminaram com pouco para marcá-los, exceto o crescimento das árvores e o progresso silencioso de jovens criaturas.” (p. 42)

 

Algum tempo se passa, todos tiveram a oportunidade de se instruir em algum outro lugar, menos Maggie. Ainda assim ela transforma-se em uma bela moça. Suas qualidades permanecem as mesmas, apesar de tão dura vida.

Ela e Frank se apaixonam. Um amor que para ser vivido terá que superar muitas adversidades. Maggie terá de escolher entre o amor e a família, numa história de muito drama e reviravoltas.

 

“Não era a brusquidão de sua vinda – era a brusquidão de seu próprio coração, que saltava com os sentimentos despertados provocados pelas palavras dele.”

“A água transbordava pelo jarro esquecido. Finalmente ela lembrou de suas tarefas, levantou o pote e teria corrido para casa, mas Frank, de forma decidida, tirou-o dela. ‘De hoje em diante’, disse ele, ‘tenho o direito de carregar seus fardos’”. (p.57)

 

O Chalé de Moorland é uma história pequena em páginas, mas grande em conteúdo. Maggie tem uma retidão de pensamento tão grande que até incomoda! É difícil encontrar uma pessoa assim, com tamanha doçura e amor incondicional a família.

 

 

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Lizzie Leigh

Na mesma edição de O Chalé de Moorland, temos o conto Lizzie Leigh. A história é curtinha, apenas 40 páginas, mas não se engane: ela pode lhe fazer derramar muitas lágrimas.

A história começa em um momento delicado, com a morte de James Leigh na manhã de Natal. Suas últimas palavras, foram em desabafo para a esposa:

“Eu a perdoo, Annie! E que Deus também me perdoe!” (p. 139)

 

A partir destas palavras um sentimento e uma vontade que há muito estavam contidos no coração da Sra. Leigh vêm a tona. A família se muda para Manchester para que Anne Leigh possa encontrar a sua filha, Lizzie, de quem há muito tempo não tem notícias. Na cidade, a família terá lições de amor, amizade perdão e caridade.

 

“Mas aquelas últimas palavras abençoadas colocaram-no de volta em seu trono no coração da esposa e despertaram uma agonia penitente por toda a amarga desavença dos últimos anos. Foi isso que a fez recusar todos os apelos de seus filhos para que fosse ver os gentis vizinhos que a chamavam ao voltarem da igreja para compadecer-se e dar-lhe os pêsames. Não! Ela ficaria com o marido morto que, depois de três anos de silêncio, havia finalmente lhe falado carinhosamente – quem sabe, se ela houvesse sido mais gentil e menos irritadiça e reservada, ele teria cedido antes e a tempo?”(p. 40)

 

Lizzie Leigh é uma linda história e vai lhe emocionar! Em poucas páginas Gaskell transmite uma profusão de sentimentos.

 

 

Título: O Chalé de Moorland / Lizzie Leigh
Autora: Elizabeth Gaskell
Tradução: Andrea Carvalho
Editora: Pedrazul
Páginas: 179

 

Resenha em colaboração com o blog Escritoras Inglesas.

 

 

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