Sinopse: “O novo livro de poesia da autora de Tudo nela brilha e queima Segundo livro de Ryane Leão, mulher preta, poeta e professora, criadora da página onde jazz meu coração, com mais de 600 mil seguidores nas redes sociais. Seu primeiro livro, Tudo nela brilha e queima, já vendeu mais de 40 mil exemplares. “mesmo na correria, eu sigo em busca das sutilezas. não posso deixar as distrações passarem batidas. o peso do mundo não vai tomar conta de minha pele se eu me atentar às brechas, às margens. anteontem eu vi o mar. recebi abraços apertados que me agradeceram pelos poemas que escrevo com o coração na ponta dos dedos. hoje de manhã as folhas das árvores balançaram com o vento e o barulho foi tão bonito. daqui a pouco começo a cozinhar porque vou receber em casa as pessoas que amo. quero saber de cor o que me traz paz, embora não sejam permanentes as belezas. o caos também não é. e eu estou mudando a cada minuto, então tudo bem. há algo que resiste por entre os escudos, que me relembra que existe uma coisa essencial em ser uma mulher que se reconstrói diariamente: eu sou profunda demais pra acabar.” – RYANE LEÃO”
Há alguns anos eu lia poesia errado. Eu prestava mais atenção nas métricas, rimas e no estilo impresso no papel (ou na tela). Desse jeito a poesia não me tocava muito. Era bonita, mas não era grande coisa (p a r a m i m).
De uns tempos pra cá, eu comecei a ler através do muro da rigidez física da poesia. Não é uma habilidade especial ou algo que eu aprendi na faculdade, apenas passei a ignorar aquilo que não me acrescentava muita coisa como leitora e me fixei naquilo que a poesia quer comunicar, naquilo que ela pinça lá no fundo do meu coração. Descobri a beleza do verso que prioriza o sentimento, que não força… simplesmente existe.
A razão dessa introdução é apenas uma: reforçar que a poesia está mais democrática, acessível e gostosa do que nunca. Apenas l e i a e seja (mais) feliz!
Se você ainda não teve a sua dose diária de poesia, recomendo o livro Jamais peço desculpas por me derramar (Planeta, 2019), de Ryane Leão. “Mulher preta, poeta e professora cuiabana que vive em São Paulo”, nas palavras da biografia da autora, Ryane Leão publica seus escritos na página onde jazz meu coração e é autora também de “Tudo nela brilha e queima: poemas de luta e de amor” (Planeta, 2017). Ryane tem uma escrita muito especial, comunica com muita paixão o ser mulher, sobretudo o ser mulher preta brasileira. É uma poesia muito nossa e que vale muito a pena a leitura.
“todas as revoluções
que eu desejo
começam em mim.”
“eu sou maravilhosa sozinha
mas com você sou
o dia todo
poesia.”
“não há ciclo
feitiço
amarração
remédio
identificação
desculpa
porre
ou poesia
para prolongar pessoas
partir ou ficar são escolhas
não acidentais e intransferíveis.”
“celebre a mulher
que você está se tornando
não tape os ouvidos
ela está te chamando
ela dança com o fogo
ela é pancada mas também é doce
ela sempre foi sua melhor escolha
ela é tudo aquilo que sobreviveu.”
“jamais peça desculpas por se derramar.”
Eu poderia dizer que, se você gosta de Rupi Kaur, vai gostar deste livro. Apesar de estarem na mesma prateleira — a poesia —, acho que Jamais peço desculpas por me derramar é diferente. A poesia escrita originalmente em língua portuguesa tem, para nós, um sabor diferente. Mesmo a poesia brasileira escrita no passado é diferente para nós, que lemos hoje. Sugiro a você testar e experimentar: aumente a sua dose diária e amplie o seu cardápio literário. Tenho certeza de que vai gostar!
Título: Jamais peço desculpas por me derramar: Poemas de temporal e mansidão
Autora: Ryane Leão
Editora: Planeta
Páginas: 160
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[…] A edição que li (HarperCollins, 2020), em e-book, ainda traz um excelente posfácio de Ryane Leão. […]