[Resenha] Morra, amor, de Ariana Harwicz

[Resenha] Morra, amor, de Ariana Harwicz

Sinopse: “Em uma região esquecida do interior da França, uma mulher luta contra seus demônios: ao mesmo tempo que abraça a exclusão, deseja pertencer; que almeja a liberdade, sente-se aprisionada; que anseia pela vida familiar, quer botar fogo na casa. Casada e mãe de um bebê, ela se sente cada vez mais sufocada e reprimida, apesar de o marido aceitar seu estranho comportamento. A condição feminina, a banalidade do amor, os terrores do desejo, a maternidade e a brutalidade inexplicável “de levar seu coração com o outro para sempre” – esse romance aborda todas essas questões com uma intensidade crua e até mesmo selvagem. É impossível sair ileso de Ariana Harwicz: em um texto corajoso que explora os efeitos desestabilizadores da paixão e da sua ausência, imerso na psique de uma protagonista feminina à beira da loucura, Morra, amor tem uma prosa irreverente e um lirismo sem remorsos, constituindo uma experiência de leitura viciante. O livro foi adaptado para o teatro na Argentina e em Israel e teve grande reconhecimento da crítica internacional. Publicado originalmente em 2012, é a primeira parte de uma trilogia “involuntária”, chamada por Harwicz de “trilogia da paixão”, tendo em vista que os três livros exploram a relação entre mães e filhos. Dela também fazem parte os romances La débil mental [A débil mental], de 2015, e Precoz [Precoce], de 2016. Harwicz também é autora de Degenerado (2019). Por que ler este livro? O livro trata com coragem um tema ainda considerado tabu pela sociedade: o sentimento de inadequação da mulher à maternidade. A prosa é caracterizada por violência, erotismo, ironia e crítica aos clichês que envolvem as noções de família e as relações tradicionais. Comparada a Virginia Woolf, Sylvia Plath, Clarice Lispector e Nathalie Sarraute, Ariana Harwicz é uma das figuras mais radicais da literatura argentina contemporânea. Em 2018, a versão em inglês de Morra, amor (Die, my love) foi indicada ao prestigioso Man Booker Prize.”

 

Morra, amor (Instante, 2019), romance de Ariana Harwicz, está, sem dúvida entre as melhores leituras de 2020.

O livro, narrado no estilo fluxo de consciência, conta a história de uma mulher, recém-chegada à maternidade, e suas atribulações psicológicas em torno dessa condição e de uma vida conjugal marcada pelo distanciamento afetivo.

Ariana nos mostra os subterrâneos da consciência, sem filtros e sem preocupações em ferir nossas sensibilidades com uma linguagem direta e impactante. Linguagem essa muito bem elaborada literariamente, transitando entre a formalidade da escrita, a oralidade e o ritmo do pensamento, plano principal em que se passa a história. Em certos momentos, nos impactam as frases viscerais como a que dá título à obra.

Acima de tudo, é um livro para nos mostrar que estamos todos potencialmente suscetíveis à loucura. Que, loucos ou não, temos pensamentos perversos que não ousamos compartilhar. E que a linha que separa a realidade e a alucinação é tênue. 

 

Título: Morra, amor

Autora: Ariana Harwicz

Tradução: Francesca Angiolillo

Editora: Instante

Páginas: 144

Compre na Amazon: Morra, amor

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[…] desconcertaram de alguma forma. Ao ler A pediatra não pude escapar de pensar em Ariana Harwicz com Morra, amor. Sem me deter em fazer um trabalho acadêmico sobre essa comparação, posso dizer que o estilo […]

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