[RESENHA] POLDARK: ROSS POLDARK, DE WINSTON GRAHAM

Sinopse: “Cansado de uma guerra cruel na América, Ross Poldark retorna para sua terra e sua família. Mas o alegre retorno que ele esperava torna-se amargo, pois seu pai havia morrido, sua propriedade estava abandonada, e a garota que ele amava estava noiva de seu primo. Porém, sua compaixão pelos mineradores e rendeiros desamparados do distrito o leva a resgatar uma faminta mocinha de rua que estava brigando em uma feira, um ato que altera todo o curso de sua vida. Ross Poldark é o primeiro romance da incrível saga de Winston Graham sobre a vida na Cornualha do século dezoito. Publicado pela primeira vez em 1945, a série Poldark tem cativado leitores por mais de setenta anos. Agora, é uma série atual, transmitida em horário nobre, pela BBC de Londres.”

 

Eu já disse uma, duas (ou mais) vezes que a Cornualha parece exercer alguma espécie de feitiço sobre quem lê histórias ambientadas por lá seja de qual época for. Mesmo para uma pessoa como eu, que sequer ultrapassei a fronteira brasileira, a brisa gélida do mar e as paisagens rurais idílicas se projetam facilmente no cérebro. Fisicamente nunca estive nem perto da Cornualha, mas esse lugar ocupa um lugar especial no meu coração graças aos livros que li que foram ambientados nesta parte da Inglaterra.

Expresso inicialmente o meu encantamento pela Cornualha, passo agora para o livro mais recente que li e que reafirmou tudo o que eu disse antes: Poldark: Ross Poldark, de Winston Graham (Pedrazul, 2018). Este é o primeiro livro de uma série com doze volumes sobre a família Poldak, com o subtítulo romance da Corunalha. A série Poldark  é bastante popular na Inglaterra, e no Brasil vem conquistando cada dia mais fãs com a exibição da série televisiva homônima da BBC pelo canal a cabo +Globosat. A Pedrazul publicou Ross Poldark no ano passado e, agora em 2019, lançará Demelza, segundo livro da série.

Ross Poldark retorna para Cornualha, depois de um período na América lutando pelo exército inglês na guerra da independência dos Estados Unidos. Mas o seu lar já não é mais o mesmo: seu pai havia falecido, sua propriedade estava em ruínas, e a mulher que ele amava e pensava em se casar, havia ficado noiva de seu primo. Ross precisa, então, achar uma forma de se reerguer e também reerguer a sua propriedade.

 

Ross Poldark, na adaptação mais recente da BBC interpretado pelo ator Aidan Turner.

 

“Uma noite molhada de outubro é deprimente, mas ela encobre, com algumas sombras suaves, as pontas afiadas da ruína e da decadência.”

 

O primeiro livro da série é focado em Ross e em suas relações com a família e seus subordinados. Ele faz parte da pequena nobreza rural inglesa, os gentry, mas passou por muita coisa para continuar valorizando certas normas sociais. Prova disso é que ele continua com os empregados grosseiros que herdou do pai e está sempre disposto a ajudar alguém em dificuldade. Trabalha para reabrir as minas de estanho de sua propriedade, com o intuito de ganhar dinheiro, mas também quer contribuir com o desenvolvimento da região e dos trabalhadores. Certo dia acolheu uma jovem desnutrida, machucada e que estava apanhando na rua e a levou para dentro de sua casa, como uma ajudante, postulante a governanta. Essa jovem é Demelza, que em algum tempo (anos) se tornará alguém muito importante na vida de Ross, a ponto de fazê-lo superar a desilusão amorosa com Elizabeth. Diferente do que possa parecer, já que o livro, como já dito, é focado em Ross, a leitura não é cansativa, pois o autor não privilegia o personagem o tempo todo. O livro é sobre Ross, mas os sentimentos a vida de outros personagens também são mostrados com detalhes quando necessário.

Ross, em primeiro momento, parece um homem carrancudo, fechado para a vida. Mas essa é só uma das camadas desse personagem. Mesmo sofrendo, ele consegue seguir em frente e nunca deixa de observar o que acontece a sua volta. Uma passagem interessante deste livro é a amizade dele com Verity. A moça, já considerada uma solteirona, apoiou Ross em seu retorno, tendo a paciência necessária para atualizar o primo sobre todos os assuntos da ausência dele, sendo também uma companhia agradável quando ele era apenas um fantasma que cometeu o inconveniente de voltar para casa às vésperas do casamento de Francis e Elizabeth. Um tempo depois, Ross retribui o favor, permitindo que Verity se encontre com seu pretendente, capitão Blamey, em Namparra, embora esse encontro não tenha terminado muito bem. Ross e Verity eram como irmãos, e os dois não participavam dos jogos de aparências da aristocracia, que na maioria das vezes apenas serviam para impor barreiras contra a felicidade.

Uma comparação interessante, em relação às classes sociais e seus eventos, foram os dois casamentos realizados no livro, o de Elizabeth e o de Jinny. A primeira, membro da gentry. Já a segunda, de classe inferior, pobre. Em família e com um pouco de álcool correndo nas veias, não há muitas diferenças entre as duas cerimônias, no que diz respeito aos convidados. Além das relações de amor, amizade, disputas e ressentimentos, Poldark: Ross Poldark também toca em aspectos sociais e históricos dos anos de 1783-1787.

Demelza é uma personagem memorável, uma das melhores mocinhas que eu já li na vida! Uma garota resgatada da rua, cheia de machucados e piolhos vai batalhando página por página não só por seu lugar em Namparra, mas posteriormente, também na vida de Ross. Ela é extremamente inteligente, apesar da infância difícil e sem oportunidades. Em poucos anos a Demelza que Ross salvou da ruína torna-se uma pessoa fundamental e indispensável para a propriedade e também para todos que vivem nela. Demelza é espontânea, alegre e leva vida ao lar de Ross. O relacionamento entre os dois foi uma coisa linda de ler! Não foi forçado, nem premeditado, foi um amor que nasceu aos poucos, tendo o companheirismo como base. O segundo livro retoma a história de Ross Poldark pouco tempo depois do final do primeiro volume. Só que o foco passa a ser Demelza, a empregada que se tornou a senhora Ross Poldark.

 

“Ele pensou: se nós pudéssemos apenas parar a vida por um instante, eu a pararia aqui. Não quando eu chegar em casa, não ao sair de Trenwith, mas aqui, aqui chegando ao topo da colina nos arredores de Sawle, o entardecer limpando as beiradas da terra e Demelza caminhando e cantarolando ao meu lado.”

 

Assim como fiz com Kurt Seyit & Shura, priorizei o livro ao invés da série. Apesar disso, inevitavelmente acabei incorporando as imagens dos atores aos personagens do livro, principalmente Ross, Demelza, Francis e Elizabeth. No entanto, diferente da série turca, que em certa altura torna-se muito diferente da história original, com relação à série televisiva Poldark eu ainda não assisti o suficiente para comparar. Mas eu, sempre que posso, escolho o livro. E recomendo fortemente essa escolha.

 

 

 

Título: Poldark: Ross Poldark

Autor: Winston Graham

Tradução: Bianca Costa Sales

Editora: Pedrazul

Páginas: 320

 

Compre no site da Pedrazul e ganhe lindos marcadores!

Na Amazon, o e-book pode ser lido gratuitamente pelo Kindle Unlimited.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest

1 Comentário
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
trackback

[…] Leia também: Resenha de Poldark: Ross Poldark, de Winston Graham. […]

1
0
Queremos saber a sua opinião, deixe um comentário!x